Quando a dor sentou na sala e eu parei de ter medo dela.

 




Durante muito tempo, evitei aquela dor como quem atravessa a rua ao ver um conhecido que não quer conversar. Ela estava ali, na calçada da alma, me olhando calada. E eu... fingia pressa, ocupação, fé.



Mas a dor é insistente. Não grita, não arromba, mas também não vai embora só porque você virou o rosto. Um dia, ela entrou. Sem pedir licença. Sentou no meio da sala da minha alma e cruzou as pernas como quem dizia:


"Vamos conversar."


No começo, eu quis expulsá-la. Peguei vassoura de reza, pano de esperança, até sarcasmo eu usei. Mas ela ficou. E foi ficando... Até que um dia, já cansada de lutar contra o que não passava, eu parei. Olhei pra ela. E, pela primeira vez, não vi uma inimiga. Vi um espelho.


A dor me mostrou o quanto eu aguento. Me lembrou de que eu não endureci, mesmo quando a vida quis me congelar por dentro. Eu senti raiva, sim. Chorei até soluçar. Mas não desejei o mal, não revidei com veneno, não me tornei aquilo que me feriu.
E foi aí que ela perdeu força.


Não porque sumiu. Mas porque perdeu o poder de me governar.
Hoje, ela ainda vem às vezes, me cutuca, me observa...
Mas eu sorrio.
Não porque não dói.
Mas porque eu sobrevivi inteira.


E o mais bonito de tudo: agora sei que posso sentir... sem me afogar.
Posso lembrar... sem reviver.
E posso até agradecer...
Porque, no fundo, foi ela que me ensinou a amar sem ilusões e a me perdoar com profundidade.


A dor ainda mora aqui.
Mas agora, ela sabe:


quem mora em mim é maior que ela.



Ele Nunca Nos Abandona – Mas e Nós?




Ele Nunca Nos Abandona – Mas e Nós?

Quantas vezes, em nossas preces apressadas, sussurramos entre lágrimas:


“Senhor Jesus, não nos abandone!”


Como se o Mestre do Amor algum dia tivesse dado as costas a um de nós...


Mas é preciso coragem — e lucidez — pra inverter essa súplica e encarar o espelho da alma:


“Senhor, não permitas que nós Te abandonemos.”


Porque a verdade é simples e profunda: Jesus jamais abandona ninguém.
Ele é presença constante.
Ele é olhar atento.
Ele é silêncio que espera, mãos estendidas para quando quisermos voltar.


É a gente que, envolto nas ilusões da falsa liberdade, escolhe se afastar.
Saímos do corpo e acreditamos estar livres, quando na verdade estamos apenas desvinculados da vigilância imediata, mas nunca fora do alcance da Lei.
Caminhamos por atalhos escuros porque confundimos liberdade com descompromisso.
Mas lá está Ele. Observando. Amando. Esperando.


Como o Pai da parábola, que não corre atrás do filho, mas deixa o portão entreaberto e os olhos fixos na estrada.
Esperando o retorno.
Esperando o despertar.


Por isso, não digamos mais: “Jesus, não nos abandone.”
Digamos:


“Senhor, fortalece-nos para que não nos percamos de Ti, mesmo quando nos afastamos de nós mesmos.”


“Não nos deixe perder o rumo da Tua Luz.”


E se cairmos — porque sim, ainda tropeçamos muito — que ao menos tenhamos forças para olhar para cima e ver:


Ele continua ali.


Sempre esteve e Sempre estará.


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